mtmaru1_EDUARDO SOTERASAFP via Getty Images_tigray refugee camp Eduardo Soteras/AFP via Getty Images

A ONU tem de intervir em Tigré

FLORENÇA – Numa entrevista recente, o presidente ruandês Paul Kagame defendeu que o novo governo do Presidente dos EUA, Joe Biden, e o Conselho de Segurança das Nações Unidas deveriam tomar a iniciativa de resolver a violência e as privações na região etíope de Tigré. Kagame descreveu a situação nessa zona como sendo preocupante, e disse que o número de mortes era demasiado elevado para que o conflito fosse deixado apenas à gestão da Etiópia ou da União Africana. Como presidente de um país que ainda lida com as consequências do genocídio de 1994 contra a sua população Tutsi, Kagame goza de autoridade considerável neste campo, e merece ser ouvido.

Existem cinco motivos pelos quais é necessária uma acção imediata do Conselho de Segurança relativamente a Tigré.

Primeiro, a provável presença de forças armadas da Eritreia em Tigré faz desta guerra um conflito simultaneamente civil e internacional, sendo por isso da competência da ONU. As tropas eritreias estiveram implicadas em chacinas e no regresso forçado de refugiados eritreus, nomeadamente devido ao incêndio dos campos de refugiados de Shimelba e Hitsats. Entre 15 000 a 20 000 refugiados eritreus estão desaparecidos, segundo o Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados.

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