malta journalist murder memorial TOLGA AKMEN/AFP/Getty Images

Como a globalização matou a nossa mãe

LONDON – Arede mundial que viabiliza o crime organizado e a corrupção transnacionais é, tragicamente, uma das mais duradouras histórias de sucesso da globalização. Por conseguinte, é também um dos seus defeitos mais mortíferos. Enquanto os frutos e oslucros do crime circulam sem problemas através das fronteiras, a aplicação da justiça e da lei permanece encurralada pelas fronteiras nacionais, e é constantemente enfraquecida econtrariada. Entretanto, os jornalistas que tentam documentar esta situação são intimidados, encarcerados eassassinados.

Enquanto as forças do crime e da corrupção globais continuam a delapidar a nossa liberdade e a nossa segurança, os jornalistas assassinados pelo seu rasto ensinaram-nos lições poderosas sobre como devemos responder. Estas lições dizem respeito não só ao jornalismo, mas também à aplicação da lei e ao tipo de sociedade onde queremos viver.

Uma destas jornalistas foi a nossa mãe,Daphne Caruana Galizia. Foi assassinada em Malta, a 16 de Outubro de 2017, pela explosão de uma bomba colocada sob o banco do condutor do seu carro quando se dirigia ao banco para desbloquear a sua conta, que fora congelada pelo ministro da economia do país. Este foi o último de uma série de ataques que ela suportou devido aos seus relatos, mas não foi a última violação que Malta sofreria relacionada com as suas revelações.

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