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A anatomia das eleições de 2022 no Quénia

JOANESBURGO – Houve uma época em que as eleições no Quénia só despertavam um ténue interesse na comunidade internacional. Nas décadas que se seguiram à conquista da independência pelo Quénia em 1963, a União Nacional Africana do Quénia dominou de forma consistente, graças à sua utilização de práticas contestáveis, a alguma violência e a uma oposição persistentemente fragmentada. Mas com a derrota da UNAQ em 2002 e a terrível violência étnica que matou perto de 1500 pessoas no rescaldo das eleições de 2007, as eleições no Quénia começaram a atrair as atenções internacionais. Actualmente, as pessoas analisam muito mais de perto os desenvolvimentos políticos da economia mais importante da África Oriental, e voltarão a fazê-lo quando os quenianos votarem a 9 de Agosto.

Desta vez, os limites constitucionais a mandatos impedem que o presidente em exercício, Uhuru Kenyatta, se candidate. Tendo aceitado a situação, Kenyatta declarou o seu apoio ao seu antigo rival, Raila Odinga, que foi anteriormente primeiro-ministro do governo negociado para terminar a crise em 2008. Odinga lidera o Movimento Democrático Laranja e a Azimio La Umoja (numa tradução livre, “Compromisso de Unidade”), uma coligação de partidos que concorrem juntos às eleições. A sua candidata a vice-presidente, Martha Karua, poderá ser a primeira mulher a ocupar esse cargo no Quénia.

Partirão para o confronto com o actual vice-presidente do Quénia, William Ruto, que lidera a Aliança Democrática Unida. Tanto Ruto como Kenyatta foram implicados, e posteriormente ilibados, no fomento à violência em 2007-08. Mas incompatibilizaram-se desde então (daí, o apoio de Kenyatta a Odinga). É quase certo que dois outros candidatos, David Mwaure Waihiga e George Wajackoyah, concorrerão também às eleições.

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