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Colher os benefícios da integração económica africana

ABIDJAN – Quando Kwame Nkrumah, sob cuja liderança o Gana se tornou no primeiro país africano a reivindicar a independência em 1957, foi deposto em 1966 por um golpe militar, poucos dos seus concidadãos derramaram lágrimas pelo seu regime. Mas existe um aspecto do seu legado que permanece relevante até hoje e que é merecedor de avaliação cuidadosa.

Nkrumah era um líder visionário e carismático, concentrado na modernização do Gana e na defesa da união política africana. A sua ideia mais brilhante consistia em integrar o continente e criar os Estados Unidos de África. Mas ele preferiu o desenvolvimento de projectos dispendiosos e com elevada intensidade de capital, que originaram dívidas e défices externos insustentáveis, criando poucas oportunidades de emprego em troca. A contracção económica levou ao à instabilidade generalizada e a uma perda de credibilidade na ideia da integração Africana, e ao corte de relações com o seu mais famoso conselheiro económico, o futuro laureado com o Nobel, W. Arthur Lewis.

A intuição de Nkrumah sobre os benefícios potenciais da integração de África baseava-se numa lógica económica sólida, que ele não conseguiu expressar de forma convincente. Com 16 países sem saída para o mar, a África é o mais fragmentado dos continentes. A pequena dimensão de muitos países e a resultante fragmentação dos mercados nacionais origina várias deseconomias de escala que impedem o desenvolvimento. Em 2017, mais de três quartos dos países africanos tinham menos de 30 milhões de pessoas, e cerca de metade tinham um PIB inferior a 10 mil milhões de dólares.

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