dirks2_David L. RyanThe Boston Globe via Getty Images_science David L. Ryan/The Boston Globe via Getty Images

Restabelecer a confiança na ciência

NOVA IORQUE – Da crescente presença da inteligência artificial nas nossas vidas diárias às novas terapias médicas, o progresso da ciência e da tecnologia afeta-nos a todos – sobretudo de forma positiva. Mas o ritmo de mudança criado pela ciência pode conduzir ao desnorteamento e ao medo, principalmente entre aqueles que têm pouca familiaridade com a cultura da investigação científica.

A descoberta científica é um processo complexo que geralmente envolve anos de tentativa e erro, bem como debates sobre significado estatístico, causalidade e outros assuntos técnicos. É essa complexidade que explica em parte o porquê de a ciência não ser mais bem compreendida por um maior número de indivíduos; também explica em parte porque é que o ceticismo em relação à ciência atingiu novos patamares.

Vejamos o exemplo das teorias da conspiração e a desinformação antivacina que proliferaram durante a pandemia de COVID-19. É verdade que tais desenvolvimentos também refletem a crescente desconfiança do governo e das instituições e a aguda polarização política em muitos países. Mas esses problemas alimentam-se do ceticismo científico substancial e da má compreensão que surgem (particularmente) durante eventos que são, indiscutivelmente, extremamente negativos, os chamados eventos cisnes negros, como a COVID-19. Até mesmo tentar determinar o grau da dinâmica é complicado, com medidas firmes difíceis de obter e que não se correlacionam claramente com o ceticismo em relação às vacinas e alterações climáticas. Um relatório recente do Pew Research Center revela que apenas 29% dos adultos nos EUA revelam ter muita confiança nos cientistas, no domínio da medicina, quando se trata de agir no melhor interesse do público, um número abaixo dos 40% no final de 2020.

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