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A revolução comercial de África precisa de paz

CAIRO – A Zona de Comércio Livre Continental Africana (AfCFTA), que entrou em funcionamento em Janeiro, pode ser decisiva para ajudar a retirar o continente da pobreza e a colocá-lo no caminho da prosperidade de longo prazo. A AfCFTA tem potencial para acelerar e alterar a composição do investimento directo estrangeiro em África, diversificando desse modo as fontes para o crescimento do continente e impulsionando o seu comércio interno e externo. E fundir os mercados relativamente pequenos de África num dos maiores do mundo permitirá aos investidores tirarem partido de maiores economias de escala.

Mas África arrisca desperdiçar esta enorme oportunidade, a menos que os seus líderes possam contrariar a indesejável reputação do continente como uma das regiões do mundo mais propensas a conflitos. Segundo o Banco Mundial, nove países africanos sofrem actualmente de elevada fragilidade institucional e social; 12 estão envolvidos em conflitos de intensidade média ou elevada. Não surpreende por isso que o número de mortes na região relacionadas com conflitos tenha aumentado, de 2 200 em 2010 para uma média de 14 000 por ano desde 2014. As redes transnacionais de terroristas intensificaram recentemente o problema.

Além de causarem mortes prematuras e sofrimento, e de destruírem infra-estruturas, os conflitos impedem a actividade económica e comprometem o comércio transfronteiriço formal e informal. O comércio informal entre o Mali e a Argélia, por exemplo, caiu mais de 64% desde 2011, principalmente devido ao conflito no norte do Mali e ao encerramento da fronteira entre os dois países.

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