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Acertando no produtivismo

CAMBRIDGE – Recentemente eu escrevi sobre o possível surgimento, tanto à esquerda quanto à direita do espectro político, de um novo paradigma de política econômica que poderia desbancar o neoliberalismo. A nova estrutura dá aos governos e organizações comunitárias maior responsabilidade de moldar o investimento e a produção – em apoio a bons empregos, à transição climática e a sociedades mais seguras e resilientes – e é muito mais ressabiada dos mercados e das grandes corporações do que o paradigma prestes a partir. Eu o chamei de “produtivismo”, embora outros possam, sem dúvida, pensar em denominações mais sexy.

Ao longo da história, o pêndulo da ideologia econômica tem passado do endeusamento dos mercados para a dependência do Estado e assim repetidamente. Na superfície, parecemos estar em meio a outro realinhamento periódico. Talvez fosse inevitável que os excessos do neoliberalismo – aumento da desigualdade, concentração do poder corporativo e negligência das ameaças ao ambiente físico e social – desencadeassem uma reação negativa.

Mas estabelecer novos paradigmas requer o desenvolvimento de novas abordagens, e não só simular as antigas. Quando o New Deal e o Estado de bem-estar social substituíram o capitalismo desinibido que os antecedeu, os formuladores de políticas não voltaram simplesmente às antigas práticas mercantilistas. Eles estabeleceram novos regimes regulatórios e instituições de segurança social e adotaram a gestão macroeconômica explícita na forma do keynesianismo.

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