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A mudança do paradigma económico de África

ARGEL – Antes da epidemia da COVID-19, África registou 25 anos de expansão económica ininterrupta, levando os analistas a proclamar que a dinâmica de crescimento do continente já não dependia das suas indústrias extractivas. À medida que aumentou o acesso à educação e à saúde, também aumentou a esperança de vida, o que encorajou uma narrativa de “África em ascensão”. Para financiar as suas necessidades de desenvolvimento, os países africanos viraram-se para os mercados internacionais de capitais, muitos deles pela primeira vez.

Uma análise atenta dos dados, porém, revela que o crescimento económico de África não foi amplamente partilhado. O crescimento per capita, em especial, foi muito menos impressionante do que aparentava inicialmente. A pobreza continua a ser endémica em todo o continente, com perto de 431 milhões de pessoas na pobreza extrema (a viver com menos de 1,90 dólares por dia). Sem uma acção decisiva, as Nações Unidas estimam que mais 60 milhões de africanos caiam na pobreza extrema até 2030.

Além disso, a distribuição ineficiente de serviços públicos como a educação e os cuidados de saúde originou uma insatisfação generalizada. As ambições dos jovens cada vez mais educados do continente, em especial, parecem ter ultrapassado o efectivo desenvolvimento material. Apesar dos esforços significativos para aumentar a sua disponibilização, metade da população de África ainda não dispõe de acesso a electricidade. Consequentemente, milhões de africanos migraram nas últimas décadas, à procura de melhores oportunidades.

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