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Acabar com os maneirismos associados ao COVID-19

ADIS ABEBA – O surto de COVID-19 ameaça transformar-se numa pandemia global como não se via há um século. Este novo coronavírus já alastrou a 77 países, tendo infectado mais de 93000 pessoas e matado mais de 3200; até ao momento, 86% dos casos e 93% das mortes foram registadas na China, onde o surto se iniciou. Agora que o vírus foi identificado em seis continentes, a Organização Mundial de Saúde modificou a sua avaliação de ameaça para o nível mais elevado. E Bill Gates, que tem avisado contra os perigos de uma pandemia global, afirma que o COVID-19 “começou a comportar-se bastante como o agente patogénico que só aparece uma vez num século e que nos tem preocupado”.

Rapidamente, o surto tornou-se um tema altamente politizado. Os altos funcionários da OMS, por exemplo, foram criticados tanto por aplaudirem os esforços do governo Chinês para conter o vírus como pelo seu próprio atraso em declarar uma epidemia. Além disso, apesar de apelos repetidos por mais recursos para o combate ao vírus, a OMS só recebeu uma pequena parte do apoio prometido pela comunidade internacional, forçando-a em alternativa a depender dos seus mecanismos internos de crédito. E numa altura em que os governos deveriam tomar medidas coordenadas para conter o vírus, muitas companhias aéreas suspenderam voos para a China, mesmo depois da OMS e da Associação do Transporte Aéreo Internacional não terem aconselhado a medida.

As medidas sem precedentes e genericamente bem-sucedidas do governo chinês para conter o surto do COVID-19, nomeadamente as restrições a viagens e circulação nos focos da infecção, receberam respostas mistas. Embora os meios de comunicação convencionais do ocidente tendam a descrever o isolamento de Wuhan e de outras cidades chinesas com uma população total de cerca 60 milhões como “draconiano”, o antigo Secretário-Geral das Nações Unidas Ban Ki-moon emitiu uma mensagem de apoio às ousadas e necessárias medidas.

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