BERWYN (ILLINOIS)/NAIRÓBI – Lideranças africanas e legisladores globais se reuniram recentemente em Nairóbi (Quênia) para o evento inaugural da Cúpula do Clima da África para discutir os desafios de financiar soluções climáticas. O evento mostrou que investimentos, particularmente no setor privado, podem fazer uma enorme diferença no sentido de acelerar a transição energética do continente.
Já há esforços em curso para atrair mais capital estrangeiro, em especial dos Estados Unidos. Quando a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, visitou Gana, Tanzânia e Zâmbia no início do ano, ela anunciou quase 30 compromissos no setor privado e filantrópico para apoiar a resiliência climática, adaptação e mitigação em toda a África. Contudo, as necessidades do continente estão longe de serem contempladas. Estima-se que sejam necessários US$ 700 bilhões para desenvolver a energia verde na África e, no entanto, a região recebeu só 2% dos US$ 2,8 trilhões investidos no mundo todo em renováveis entre 2000 e 2020.
A principal barreira ao aumento do financiamento verde é a percepção de risco: muitos atores do setor privado estão preocupados com o investimento climático na África. Não é segredo que muitos países africanos estão lidando com infraestrutura inadequada e burocracia lenta, duas coisas que podem desencorajar investidores estrangeiros. Mas esses países também vêm trabalhando para remover tais obstáculos. O Quênia, por exemplo, está se preparando para buscar reformas estruturais para melhorar os mecanismos de financiamento privado.
Não só isso, a má gestão e disputas internas que vêm se tornando características de alguns países africanos não são representativas de todo o continente. A África está aberta para negócios. Países como Marrocos e Quênia, em seus esforços para estimular a transição verde e conduzir o desenvolvimento sustentável, estão introduzindo incentivos financeiros, inclusive fiscais, e implementando reformas de políticas econômicas para atrair e mitigar o risco para investidores privados dos EUA e de outros lugares.
Muitos desses projetos renováveis foram financiados pelos setores público e privado, ainda que o investimento do primeiro tenda a ser maior. O sucesso da África em criar mercados de energia limpa, apesar dos volumes relativamente baixos de investimento privado externo, é um testemunho da dedicação das autoridades locais para a construção de um futuro mais sustentável.
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Com uma abundância de recursos de energia solar, eólica, geotérmica e hídrica, a África tem um imenso potencial de investimento e pode oferecer retornos confiáveis a investidores privados. E muitos países africanos estão dispostos a criar as condições que permitirão aos investidores acessar seus mercados de energia limpa. Por exemplo, na Namíbia, onde a média é de 300 dias de sol por ano, o fornecedor estatal de energia atraiu capital do exterior autorizando projetos energéticos independentes e realizando leilões de energia solar com preços competitivos.
Ampliar a escala de investimentos de energia limpa nos países africanos trará benefícios adicionais, como economias mais sustentáveis e progresso mais acelerado rumo a metas de desenvolvimento. O maior benefício, porém, é que a energia limpa aborda as raízes do problema das mudanças climáticas: a queima de combustíveis fósseis. A África está lidando com as consequências da crise, apesar de representar a menor parcela de emissões globais de gases do efeito estufa. Como resultado, até 2050, o aquecimento global pode custar ao continente US$ 50 bilhões por ano. Seria mais prudente investir em renováveis hoje, em vez de despejar bilhões em adaptação mais adiante.
Até que os investidores privados reconheçam o potencial abundante de energia renovável da África, o financiamento continuará a ir para petróleo e gás. Ativos caros de combustíveis fósseis só serviriam para ampliar a dependência das economias africanas em preços voláteis de energia e importações e para acelerar o aquecimento global.
Há outra opção: ao longo da última década, países africanos vêm criando mercados de energia limpa sustentáveis e eficientes que protegem investidores e conduzem o desenvolvimento nos termos do continente. Investidores privados nos EUA e noutros países deveriam se aproveitar deste ritmo para capitalizar no potencial de crescimento dos renováveis, agilizar a transição verde e criar um futuro mais saudável para todos.
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BERWYN (ILLINOIS)/NAIRÓBI – Lideranças africanas e legisladores globais se reuniram recentemente em Nairóbi (Quênia) para o evento inaugural da Cúpula do Clima da África para discutir os desafios de financiar soluções climáticas. O evento mostrou que investimentos, particularmente no setor privado, podem fazer uma enorme diferença no sentido de acelerar a transição energética do continente.
Já há esforços em curso para atrair mais capital estrangeiro, em especial dos Estados Unidos. Quando a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, visitou Gana, Tanzânia e Zâmbia no início do ano, ela anunciou quase 30 compromissos no setor privado e filantrópico para apoiar a resiliência climática, adaptação e mitigação em toda a África. Contudo, as necessidades do continente estão longe de serem contempladas. Estima-se que sejam necessários US$ 700 bilhões para desenvolver a energia verde na África e, no entanto, a região recebeu só 2% dos US$ 2,8 trilhões investidos no mundo todo em renováveis entre 2000 e 2020.
A principal barreira ao aumento do financiamento verde é a percepção de risco: muitos atores do setor privado estão preocupados com o investimento climático na África. Não é segredo que muitos países africanos estão lidando com infraestrutura inadequada e burocracia lenta, duas coisas que podem desencorajar investidores estrangeiros. Mas esses países também vêm trabalhando para remover tais obstáculos. O Quênia, por exemplo, está se preparando para buscar reformas estruturais para melhorar os mecanismos de financiamento privado.
Não só isso, a má gestão e disputas internas que vêm se tornando características de alguns países africanos não são representativas de todo o continente. A África está aberta para negócios. Países como Marrocos e Quênia, em seus esforços para estimular a transição verde e conduzir o desenvolvimento sustentável, estão introduzindo incentivos financeiros, inclusive fiscais, e implementando reformas de políticas econômicas para atrair e mitigar o risco para investidores privados dos EUA e de outros lugares.
Talvez o mais importante é que o setor de energia da África já começou a se colocar no caminho de um futuro livre de carbono, em vez de esperar por capital estrangeiro. O Quênia é um dos maiores produtores globais de energia geotérmica, e o Marrocos é o lar de uma das maiores usinas de energia solar concentrada do mundo. No ano que vem, o Egito deve começar a construir uma fazenda eólica que consiga gerar energia suficiente para atender às necessidades internas, além de exportar para Europa e Arábia Saudita. Ao lado de projetos de grande escala, diversos micropainéis financiados pela iniciativa privada estão fornecendo grande parte da energia necessária para hospitais e até mesmo vilarejos inteiros.
Muitos desses projetos renováveis foram financiados pelos setores público e privado, ainda que o investimento do primeiro tenda a ser maior. O sucesso da África em criar mercados de energia limpa, apesar dos volumes relativamente baixos de investimento privado externo, é um testemunho da dedicação das autoridades locais para a construção de um futuro mais sustentável.
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Com uma abundância de recursos de energia solar, eólica, geotérmica e hídrica, a África tem um imenso potencial de investimento e pode oferecer retornos confiáveis a investidores privados. E muitos países africanos estão dispostos a criar as condições que permitirão aos investidores acessar seus mercados de energia limpa. Por exemplo, na Namíbia, onde a média é de 300 dias de sol por ano, o fornecedor estatal de energia atraiu capital do exterior autorizando projetos energéticos independentes e realizando leilões de energia solar com preços competitivos.
Ampliar a escala de investimentos de energia limpa nos países africanos trará benefícios adicionais, como economias mais sustentáveis e progresso mais acelerado rumo a metas de desenvolvimento. O maior benefício, porém, é que a energia limpa aborda as raízes do problema das mudanças climáticas: a queima de combustíveis fósseis. A África está lidando com as consequências da crise, apesar de representar a menor parcela de emissões globais de gases do efeito estufa. Como resultado, até 2050, o aquecimento global pode custar ao continente US$ 50 bilhões por ano. Seria mais prudente investir em renováveis hoje, em vez de despejar bilhões em adaptação mais adiante.
Até que os investidores privados reconheçam o potencial abundante de energia renovável da África, o financiamento continuará a ir para petróleo e gás. Ativos caros de combustíveis fósseis só serviriam para ampliar a dependência das economias africanas em preços voláteis de energia e importações e para acelerar o aquecimento global.
Há outra opção: ao longo da última década, países africanos vêm criando mercados de energia limpa sustentáveis e eficientes que protegem investidores e conduzem o desenvolvimento nos termos do continente. Investidores privados nos EUA e noutros países deveriam se aproveitar deste ritmo para capitalizar no potencial de crescimento dos renováveis, agilizar a transição verde e criar um futuro mais saudável para todos.
Tradução por Fabrício Calado Moreira