PARIS – Em muitos aspetos, nunca houve um momento tão perigoso para os jornalistas como o atual. Com crises simultâneas a ameaçar a liberdade e a sustentabilidade dos meios de comunicação social, esta década será decisiva para o futuro de uma vocação que é crucial para o bem-estar das sociedades. Como seria o mundo se não houvesse jornalistas profissionais e éticos para relatar as notícias? É preocupante que essa questão já não seja mais hipotética.
A questão da segurança dos repórteres continua a ser de vital importância. Embora as mortes de jornalistas tenham diminuído durante a pandemia de COVID-19, as ameaças à sua segurança continuam a evoluir e a aumentar. Estas ameaças também estão a tornar-se mais subtis e difíceis de combater.
No ano passado, foram assassinados mais jornalistas em países supostamente em paz do que em zonas de guerra e a percentagem de repórteres que morreram no exercício do seu trabalho, que foram deliberadamente visados, foi mais alta do que nunca. Muitas das vítimas trabalhavam para expor a corrupção e relatar sobre outros tópicos delicados.
Há poucos dias, no dia 29 de outubro, o repórter Arturo Alba Medina foi morto em Ciudad Juarez, no México, perto da fronteira com os Estados Unidos. Ele foi o sexto jornalista assassinado este ano no México, que continua a ser o país mais mortífero que não está em guerra.
Só na última década, a morte de quase mil jornalistas em todo o mundo esteve ligada ao seu trabalho. Muitos destes casos nunca foram devidamente investigados e a grande maioria dos criminosos nunca foi responsabilizada. Isto deve-se em grande parte à falta de mecanismos eficazes de responsabilização para garantir que a justiça é feita.
O Dia Internacional pelo Fim da Impunidade por Crimes contra Jornalistas deste ano, no dia 2 de novembro, é uma oportunidade ideal para começar a tomar medidas concretas para acabar com esta impunidade endémica para sempre. As Nações Unidas deveriam nomear um Representante Especial para a Segurança dos Jornalistas, com o objetivo de fazer cumprir o direito internacional e, assim, finalmente reduzir o número de repórteres mortos todos os anos no decurso do seu trabalho.
At a time of escalating global turmoil, there is an urgent need for incisive, informed analysis of the issues and questions driving the news – just what PS has always provided.
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A campanha Repórteres Sem Fronteiras (RSF) para criar um representante especial ganhou um impulso gigantesco nos últimos anos, mas há um obstáculo que continua a existir. Como o nomeado seria um representante do secretário-geral da ONU, precisamos do apoio ativo do secretário-geral. Infelizmente, António Guterres ainda não cumpriu a promessa que fez quando nos encontrámos um mês após a sua posse, em 2017: “Vai demorar algum tempo, mas vou cumprir”, disse-me.
Guterres tem agora tem pouco mais de um ano do seu mandato atual. É mais do que tempo suficiente para garantir medidas significativas para acabar com a impunidade e proteger os jornalistas. A nomeação por parte de Guterres de um membro da sua equipa como pessoa de contacto sobre esta questão – a única medida concreta que ele tomou até agora – não é suficiente.
O mandato de um representante especial não seria apenas uma prática baseada no papel que geraria mais relatórios. Em vez disso, seria um meio de reunir os mecanismos, resoluções e recomendações existentes da ONU para garantir uma coordenação e implementação significativas para obter a responsabilização por crimes cometidos contra jornalistas em qualquer lugar. A nomeação de um representante especial garantiria que as boas intenções levam a resultados reais.
O impacto tangível é desesperadamente necessário em muitos dos casos em que a RSF está envolvida – incluindo o do colunista saudita Jamal Khashoggi, que foi assassinado e esquartejado dentro do consulado da Arábia Saudita em Istambul, em 2018. Muitos dos casos dizem respeito a jornalistas de investigação, incluindo Daphne Caruana Galizia, assassinada em 2017 por um carro armadilhado na parte exterior da sua casa, em Malta; Ján Kuciak, morto a tiro em 2018 juntamente com a sua noiva, Martina Kušnírová, dentro da sua casa na Eslováquia; o jornalista bielorrusso Pavel Sheremet, morto por um carro armadilhado em 2016, em Kiev; e o jornalista ganense, Ahmed Hussein-Suale, baleado três vezes em 2019 enquanto conduzia o seu carro em Acra.
Existem muitos outros casos. O jovem jornalista independente, Christopher Allen, foi morto em 2017, enquanto informava sobre o conflito civil no Sudão do Sul, e Kirill Radtchenko, Alexandre Rasstorgouïev e Orhan Djemal foram assassinados em 2018, enquanto faziam um documentário sobre mercenários russos na República Centro-Africana.
Basta! A RSF pede ações concretas e imediatas para acabar com a violência contra todos os jornalistas, onde quer que vivam e trabalhem. Apelamos ao secretário-geral da ONU que apoie a criação de um Representante Especial para a Segurança dos Jornalistas e apelamos aos estados-membros que possibilitem e apoiem o trabalho deste mandato decisivo. Por último, apelamos à comunidade internacional – e aos responsáveis pela tomada de decisões – que se junte à nossa campanha para acabar com a impunidade dos crimes contra jornalistas de uma vez por todas.
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US President Donald Trump’s import tariffs have triggered a wave of retaliatory measures, setting off a trade war with key partners and raising fears of a global downturn. But while Trump’s protectionism and erratic policy shifts could have far-reaching implications, the greatest victim is likely to be the United States itself.
warns that the new administration’s protectionism resembles the strategy many developing countries once tried.
It took a pandemic and the threat of war to get Germany to dispense with the two taboos – against debt and monetary financing of budgets – that have strangled its governments for decades. Now, it must join the rest of Europe in offering a positive vision of self-sufficiency and an “anti-fascist economic policy.”
welcomes the apparent departure from two policy taboos that have strangled the country's investment.
PARIS – Em muitos aspetos, nunca houve um momento tão perigoso para os jornalistas como o atual. Com crises simultâneas a ameaçar a liberdade e a sustentabilidade dos meios de comunicação social, esta década será decisiva para o futuro de uma vocação que é crucial para o bem-estar das sociedades. Como seria o mundo se não houvesse jornalistas profissionais e éticos para relatar as notícias? É preocupante que essa questão já não seja mais hipotética.
A questão da segurança dos repórteres continua a ser de vital importância. Embora as mortes de jornalistas tenham diminuído durante a pandemia de COVID-19, as ameaças à sua segurança continuam a evoluir e a aumentar. Estas ameaças também estão a tornar-se mais subtis e difíceis de combater.
No ano passado, foram assassinados mais jornalistas em países supostamente em paz do que em zonas de guerra e a percentagem de repórteres que morreram no exercício do seu trabalho, que foram deliberadamente visados, foi mais alta do que nunca. Muitas das vítimas trabalhavam para expor a corrupção e relatar sobre outros tópicos delicados.
Há poucos dias, no dia 29 de outubro, o repórter Arturo Alba Medina foi morto em Ciudad Juarez, no México, perto da fronteira com os Estados Unidos. Ele foi o sexto jornalista assassinado este ano no México, que continua a ser o país mais mortífero que não está em guerra.
Só na última década, a morte de quase mil jornalistas em todo o mundo esteve ligada ao seu trabalho. Muitos destes casos nunca foram devidamente investigados e a grande maioria dos criminosos nunca foi responsabilizada. Isto deve-se em grande parte à falta de mecanismos eficazes de responsabilização para garantir que a justiça é feita.
O Dia Internacional pelo Fim da Impunidade por Crimes contra Jornalistas deste ano, no dia 2 de novembro, é uma oportunidade ideal para começar a tomar medidas concretas para acabar com esta impunidade endémica para sempre. As Nações Unidas deveriam nomear um Representante Especial para a Segurança dos Jornalistas, com o objetivo de fazer cumprir o direito internacional e, assim, finalmente reduzir o número de repórteres mortos todos os anos no decurso do seu trabalho.
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A campanha Repórteres Sem Fronteiras (RSF) para criar um representante especial ganhou um impulso gigantesco nos últimos anos, mas há um obstáculo que continua a existir. Como o nomeado seria um representante do secretário-geral da ONU, precisamos do apoio ativo do secretário-geral. Infelizmente, António Guterres ainda não cumpriu a promessa que fez quando nos encontrámos um mês após a sua posse, em 2017: “Vai demorar algum tempo, mas vou cumprir”, disse-me.
Guterres tem agora tem pouco mais de um ano do seu mandato atual. É mais do que tempo suficiente para garantir medidas significativas para acabar com a impunidade e proteger os jornalistas. A nomeação por parte de Guterres de um membro da sua equipa como pessoa de contacto sobre esta questão – a única medida concreta que ele tomou até agora – não é suficiente.
O mandato de um representante especial não seria apenas uma prática baseada no papel que geraria mais relatórios. Em vez disso, seria um meio de reunir os mecanismos, resoluções e recomendações existentes da ONU para garantir uma coordenação e implementação significativas para obter a responsabilização por crimes cometidos contra jornalistas em qualquer lugar. A nomeação de um representante especial garantiria que as boas intenções levam a resultados reais.
O impacto tangível é desesperadamente necessário em muitos dos casos em que a RSF está envolvida – incluindo o do colunista saudita Jamal Khashoggi, que foi assassinado e esquartejado dentro do consulado da Arábia Saudita em Istambul, em 2018. Muitos dos casos dizem respeito a jornalistas de investigação, incluindo Daphne Caruana Galizia, assassinada em 2017 por um carro armadilhado na parte exterior da sua casa, em Malta; Ján Kuciak, morto a tiro em 2018 juntamente com a sua noiva, Martina Kušnírová, dentro da sua casa na Eslováquia; o jornalista bielorrusso Pavel Sheremet, morto por um carro armadilhado em 2016, em Kiev; e o jornalista ganense, Ahmed Hussein-Suale, baleado três vezes em 2019 enquanto conduzia o seu carro em Acra.
Existem muitos outros casos. O jovem jornalista independente, Christopher Allen, foi morto em 2017, enquanto informava sobre o conflito civil no Sudão do Sul, e Kirill Radtchenko, Alexandre Rasstorgouïev e Orhan Djemal foram assassinados em 2018, enquanto faziam um documentário sobre mercenários russos na República Centro-Africana.
Basta! A RSF pede ações concretas e imediatas para acabar com a violência contra todos os jornalistas, onde quer que vivam e trabalhem. Apelamos ao secretário-geral da ONU que apoie a criação de um Representante Especial para a Segurança dos Jornalistas e apelamos aos estados-membros que possibilitem e apoiem o trabalho deste mandato decisivo. Por último, apelamos à comunidade internacional – e aos responsáveis pela tomada de decisões – que se junte à nossa campanha para acabar com a impunidade dos crimes contra jornalistas de uma vez por todas.