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As altas taxas de juros desencadearão um desastre na dívida?

AUSTIN – Em  recente comentário para o Financial Times, Martin Wolf expõe o espectro de um “desastre da dívida pública”, aquele assunto recorrente nas conversas do mercado de títulos. A essência do argumento é que, uma vez que as proporções da dívida em relação ao PIB são elevadas e as  eminentes autoridades estão alarmadas, “crises fiscais” na forma de inadimplências da dívida ou inflação “aparecem”. E isso significa que algo deve ser feito .

Embora Wolf não diga explicitamente o que é isso, “parece que temos pela frente dolorosas escolhas fiscais”, seguidas pelo coro que pede cortes na Segurança Social e no Medicare nos Estados Unidos, e no Serviço Nacional de Saúde no Reino Unido.

Para reforçar seu argumento, Wolf revisita uma equação que relaciona taxas de juro reais (ajustadas à inflação), taxas de crescimento reais, o déficit ou excedente orçamentário “primário” (líquido de pagamentos de juros sobre a dívida pública) e a relação dívida/PIB. É um dispositivo familiar, apresentado pela primeira vez em um documento de trabalho da década de 1980 por Olivier Blanchard, então no MIT. Eu o analisei em profundidadepara o Levy Economics Institute em 2011, e Blanchard revisitou-o recentemente para o seu blog, com essa conclusão: “Se os mercados estiverem certos sobre taxas reais longas, as relações da dívida pública aumentarão durante algum tempo. Devemos garantir que não explodam.”

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