frankel130_PHILIPPE BOUCHONAFP via Getty Images_USlebanonmilitary Philippe Bouchon/AFP via Getty Images

Os EUA não deveriam fazer ameaças vazias

CAMBRIDGE – À medida que a Rússia concentra tropas ao longo de sua fronteira com a Ucrânia, aumenta o temor de uma invasão. Os Estados Unidos advertiram que a Rússia pagaria um alto preço, a ser cobrado principalmente por meio de sanções econômicas. Mas o presidente Joe Biden também declarou que não enviaria militares para defender a Ucrânia. Essa é a abordagem correta.

Por um lado, a ameaça de sanções econômicas – em particular, a exclusão da Rússia do sistema SWIFT de pagamentos internacionais e o cancelamento do gasoduto Nord Stream 2 para a Alemanha -  poderia ser suficiente para dissuadir o presidente russo, Vladimir Putin. Por outro lado, qualquer ameaça de que os EUA e seus aliados interferissem com tropas não seria verossímil – induzindo Putin a invocar o blefe do Ocidente.

Mas se americanos e europeus não estão preparados para enviar tropas para a Ucrânia, por que os líderes ocidentais em 2008 prometeram uma eventual adesão da Ucrânia à OTAN, assim como da Geórgia? Afinal, o Artigo 5 do Tratado do Atlântico Norte declara que um ataque armado contra um aliado da OTAN é efetivamente um ataque contra todos eles. No entanto, ninguém estava preparado para sair em defesa da Geórgia quando a Rússia a invadiu em 2008, ou em defesa da Ucrânia quando a Rússia anexou a Crimeia em 2014. O Ocidente também não fez nada para impedir a Rússia de ocupar a região oriental de Donbass na Ucrânia. Neste contexto, falar sobre a adesão da Ucrânia à OTAN meramente provocou Putin, ao mesmo tempo que minou a credibilidade do Ocidente.

https://prosyn.org/XGbHugJpt