NOVA YORK – Na última década, o investimento com lente de gênero (no original em inglês, gender-lens investing - GLI) vem atraindo interesse entre investidores de impacto que buscam promover igualdade de gênero e empoderamento feminino, e com razão. Mas tais estratégias não se resumem a avançar um bem social por si só. Está provado que investir em organizações com diversidade de gênero, empresas de propriedade de mulheres e empresas que atendem às preferências e necessidades das mulheres tem rendido retornosfinanceirosconsideráveis.
Este resultado duplo representa uma oportunidade rica para todo tipo de investidor - não só aqueles com foco no impacto social. Porém, mitos e enganos continuam a limitar o potencial de crescimento do GLI. Entre os cinco mitos mais comuns, o primeiro é que inclusão e empoderamento feminino é uma mera causa social, em vez de um problema econômico. Na verdade, a evidência da última década mostra claramente que investir em mulheres como clientes e ativos da força de trabalho é bom para as empresas e para a economia.
Por exemplo, em 2015, a McKinsey & Company estimou que se as mulheres “tivessem um papel idêntico ao dos homens nos mercados de trabalho”, US$ 12 trilhões poderiam ser adicionados ao PIB global anual até 2025. De modo semelhante, em 2018 o BNY Mellon e a Fundação das Nações Unidas projetaram que fechar a lacuna global de gênero no acesso das mulheres a produtos e serviços financeiros poderia liberar US$ 330 bilhões em receitas anuais. E, em 2020, o Women’s World Banking descobriu que, entre as empresas de seu portfólio, aquelas com mais mulheres tomadoras de empréstimos experimentaram crescimento 6% maior nos ganhos e ativos e retornos 3% maiores no patrimônio líquido, em média, em relação àquelas com menos mutuários do sexo feminino.
O segundo mito é que uma estratégia GLI não retornará taxas de mercado para os investidores privados. De novo, um crescente corpo de evidências aponta para uma correlação direta entre mais diversidade de gênero e desempenho financeiro superior. Ainda que a empreendedora média receba US$ 935 mil em capital de investimento, contra US$ 2,1 milhões do empreendedor médio, as empresas fundadas por mulheres entregam odobrodareceitapordólar investido na comparação com as empresas fundadas por homens. Além disso, empresas com forte representação feminina em suas diretorias têm 28% maischancesdesuperar seus pares, e diversidade de gênero nas equipes executivas aumenta em 25% a chance de desempenho superior.
O terceiro mito é que não há projetos adequados o bastante para tornar o GLI uma estratégia de investimento atraente. Isso reflete falta de visibilidade, em vez de falta de oferta. Felizmente, estão surgindo iniciativas da indústria para destacar as oportunidades de investimento focadas no gênero em todo o mundo. Em 2018, por exemplo, as instituições financeiras de desenvolvimento do G7 lançaram o 2XChallenge, desafio de mobilizar US$ 3 bilhões para ajudar a capacitar mulheres nos países em desenvolvimento.
Além disso, segundo o projeto Sage 4.0, o número de fundos alocando capital com lente de gênero aumentou de 58 em 2017 para 206 em 2021. Estimativas conservadoras indicam que US$ 6 bilhões em capital total foram arrecadados para fundos com lentes de gênero em meados de 2021. E no primeiro semestre de 2021, empresas fundadas por mulheres nos EUA conseguirammaisventurecapital do que em qualquer momento da última década. Está claro que não há escassez de projetos adequados – embora eles possam exigir esforços dedicados para encontrá-los.
At a time of escalating global turmoil, there is an urgent need for incisive, informed analysis of the issues and questions driving the news – just what PS has always provided.
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O quarto mito é que focar em gênero não é operacionalmente importante para o sucesso de uma empresa. Esta alegação é desmentida pelo fato de que as clientes do sexo feminino abrangem um enorme mercado potencial – que poderia responder por cerca de US$ 15 trilhões dos gastos mundiais do consumidor até 2028. Um relatório de 2018 do Credit Suisse estima que as mulheres respondam por cerca de 40% da riqueza global, representando uma oportunidade amplamente inexplorada de gerar retornos financeiros e sociais.
Um forte compromisso interno com as funcionárias e líderes também pode criar valor para as clientes mulheres. Segundo o think tank Coqual, é provável que equipesentendamaté 158% mais seu público-alvo quando seus integrantes representam esses grupos. O mesmo estudo também descobriu que as empresas com uma força de trabalho e liderança diversificada têm 45% mais chances de expandir sua participação de mercado e 70% mais chances de ter capturado um novo mercado no ano passado.
Finalmente, é um mito que GLI é algo restrito demais para ser escalável. Por definição, o GLI se presta a uma variedade de estratégias de financiamento, porque as considerações de gênero podem ser integradas a todos os aspectos de um processo de investimento e colocadas em camadas nas estratégias existentes. Por isso é que cada vez mais investidores com foco em impacto estão ajudando a construir o argumento empresarial para o GLI.
O sucesso da iniciativa SheInvest, do Banco Europeu de Investimento, ilustra ainda mais o potencial transformador do GLI. Como membro do 2X Challenge (e como o primeiro banco multilateral de desenvolvimento a adotar o critério 2Xdeinvestimentodegênero), o BEI mobilizou € 1 bilhão (US$ 1,1 bilhão) em GLI no primeiro ano do programa, proporcionando às mulheres africanas melhor acesso às finanças, bem como a serviços e produtos personalizados.
Apesar do crescente apelo e popularidade do GLI, e apesar da crescente evidência em apoio aos seus benefícios sociais e econômicos, o campo permanece pequeno em relação a outras estratégias de impacto. Mas há grandes oportunidades para se construir em cima do potencial financeiro e social da GLI. A criação do 2XCollaborative, grupo global da indústria que reúne um amplo espectro de investidores para promover o GLI, mostra que o movimento está ganhando corpo. Ao desmascarar mitos e equívocos, podemos incentivar ainda mais investidores de impacto social – além dos investidores convencionais – a integrar considerações de gênero em suas alocações de financiamento.
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US President Donald Trump’s import tariffs have triggered a wave of retaliatory measures, setting off a trade war with key partners and raising fears of a global downturn. But while Trump’s protectionism and erratic policy shifts could have far-reaching implications, the greatest victim is likely to be the United States itself.
warns that the new administration’s protectionism resembles the strategy many developing countries once tried.
It took a pandemic and the threat of war to get Germany to dispense with the two taboos – against debt and monetary financing of budgets – that have strangled its governments for decades. Now, it must join the rest of Europe in offering a positive vision of self-sufficiency and an “anti-fascist economic policy.”
welcomes the apparent departure from two policy taboos that have strangled the country's investment.
NOVA YORK – Na última década, o investimento com lente de gênero (no original em inglês, gender-lens investing - GLI) vem atraindo interesse entre investidores de impacto que buscam promover igualdade de gênero e empoderamento feminino, e com razão. Mas tais estratégias não se resumem a avançar um bem social por si só. Está provado que investir em organizações com diversidade de gênero, empresas de propriedade de mulheres e empresas que atendem às preferências e necessidades das mulheres tem rendido retornos financeiros consideráveis.
Este resultado duplo representa uma oportunidade rica para todo tipo de investidor - não só aqueles com foco no impacto social. Porém, mitos e enganos continuam a limitar o potencial de crescimento do GLI. Entre os cinco mitos mais comuns, o primeiro é que inclusão e empoderamento feminino é uma mera causa social, em vez de um problema econômico. Na verdade, a evidência da última década mostra claramente que investir em mulheres como clientes e ativos da força de trabalho é bom para as empresas e para a economia.
Por exemplo, em 2015, a McKinsey & Company estimou que se as mulheres “tivessem um papel idêntico ao dos homens nos mercados de trabalho”, US$ 12 trilhões poderiam ser adicionados ao PIB global anual até 2025. De modo semelhante, em 2018 o BNY Mellon e a Fundação das Nações Unidas projetaram que fechar a lacuna global de gênero no acesso das mulheres a produtos e serviços financeiros poderia liberar US$ 330 bilhões em receitas anuais. E, em 2020, o Women’s World Banking descobriu que, entre as empresas de seu portfólio, aquelas com mais mulheres tomadoras de empréstimos experimentaram crescimento 6% maior nos ganhos e ativos e retornos 3% maiores no patrimônio líquido, em média, em relação àquelas com menos mutuários do sexo feminino.
O segundo mito é que uma estratégia GLI não retornará taxas de mercado para os investidores privados. De novo, um crescente corpo de evidências aponta para uma correlação direta entre mais diversidade de gênero e desempenho financeiro superior. Ainda que a empreendedora média receba US$ 935 mil em capital de investimento, contra US$ 2,1 milhões do empreendedor médio, as empresas fundadas por mulheres entregam o dobro da receita por dólar investido na comparação com as empresas fundadas por homens. Além disso, empresas com forte representação feminina em suas diretorias têm 28% mais chances de superar seus pares, e diversidade de gênero nas equipes executivas aumenta em 25% a chance de desempenho superior.
O terceiro mito é que não há projetos adequados o bastante para tornar o GLI uma estratégia de investimento atraente. Isso reflete falta de visibilidade, em vez de falta de oferta. Felizmente, estão surgindo iniciativas da indústria para destacar as oportunidades de investimento focadas no gênero em todo o mundo. Em 2018, por exemplo, as instituições financeiras de desenvolvimento do G7 lançaram o 2X Challenge, desafio de mobilizar US$ 3 bilhões para ajudar a capacitar mulheres nos países em desenvolvimento.
Além disso, segundo o projeto Sage 4.0, o número de fundos alocando capital com lente de gênero aumentou de 58 em 2017 para 206 em 2021. Estimativas conservadoras indicam que US$ 6 bilhões em capital total foram arrecadados para fundos com lentes de gênero em meados de 2021. E no primeiro semestre de 2021, empresas fundadas por mulheres nos EUA conseguiram mais venture capital do que em qualquer momento da última década. Está claro que não há escassez de projetos adequados – embora eles possam exigir esforços dedicados para encontrá-los.
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O quarto mito é que focar em gênero não é operacionalmente importante para o sucesso de uma empresa. Esta alegação é desmentida pelo fato de que as clientes do sexo feminino abrangem um enorme mercado potencial – que poderia responder por cerca de US$ 15 trilhões dos gastos mundiais do consumidor até 2028. Um relatório de 2018 do Credit Suisse estima que as mulheres respondam por cerca de 40% da riqueza global, representando uma oportunidade amplamente inexplorada de gerar retornos financeiros e sociais.
Um forte compromisso interno com as funcionárias e líderes também pode criar valor para as clientes mulheres. Segundo o think tank Coqual, é provável que equipes entendam até 158% mais seu público-alvo quando seus integrantes representam esses grupos. O mesmo estudo também descobriu que as empresas com uma força de trabalho e liderança diversificada têm 45% mais chances de expandir sua participação de mercado e 70% mais chances de ter capturado um novo mercado no ano passado.
Finalmente, é um mito que GLI é algo restrito demais para ser escalável. Por definição, o GLI se presta a uma variedade de estratégias de financiamento, porque as considerações de gênero podem ser integradas a todos os aspectos de um processo de investimento e colocadas em camadas nas estratégias existentes. Por isso é que cada vez mais investidores com foco em impacto estão ajudando a construir o argumento empresarial para o GLI.
O sucesso da iniciativa SheInvest, do Banco Europeu de Investimento, ilustra ainda mais o potencial transformador do GLI. Como membro do 2X Challenge (e como o primeiro banco multilateral de desenvolvimento a adotar o critério 2X de investimento de gênero), o BEI mobilizou € 1 bilhão (US$ 1,1 bilhão) em GLI no primeiro ano do programa, proporcionando às mulheres africanas melhor acesso às finanças, bem como a serviços e produtos personalizados.
Apesar do crescente apelo e popularidade do GLI, e apesar da crescente evidência em apoio aos seus benefícios sociais e econômicos, o campo permanece pequeno em relação a outras estratégias de impacto. Mas há grandes oportunidades para se construir em cima do potencial financeiro e social da GLI. A criação do 2X Collaborative, grupo global da indústria que reúne um amplo espectro de investidores para promover o GLI, mostra que o movimento está ganhando corpo. Ao desmascarar mitos e equívocos, podemos incentivar ainda mais investidores de impacto social – além dos investidores convencionais – a integrar considerações de gênero em suas alocações de financiamento.
Tradução por Fabrício Calado Moreira